BANCO DE MOÇAMBIQUE REALIZA XIII JORNADAS CIENTÍFICAS

O Banco de Moçambique (BM) realizou nesta sexta-feira, 10 de Junho, no Hotel Montebelo Indy Maputo Congress, as suas XIII Jornadas Científicas. Este evento, que contou com a participação de académicos, gestores e técnicos da instituição, representantes de entidades financeiras nacionais e internacionais, e público em geral, foi aberto pelo Governador do banco central, Rogério Zandamela.


Na sua intervenção, Rogério Zandamela saudou os convidados, tendo-se mostrado satisfeito com o facto de, após uma interrupção de dois anos, decorrente da pandemia de COVID-19, o BM ter retomado a realização de jornadas científicas, um evento anual que geralmente
coincide com a celebração do aniversário da moeda nacional, o Metical.


No seu discurso, Zandamela referiu que a escolha do tema desta edição das jornadas, “Interacção entre as Políticas Monetária e Macroprudencial em Moçambique”, se deve ao novo paradigma de gestão macroeconómica dos bancos centrais – que integra as políticas
monetária e macroprudencial –, bem como aos riscos macrofinanceiros a que o país está exposto.

O Governador do BM disse esperar que os resultados dos estudos realizados contribuam para o aprofundamento da investigação sobre a combinação das políticas monetária e macroprudencial, visando torná-las mais eficientes e eficazes, face ao trade-off que o BM enfrenta.


Interveio também no evento, na qualidade de orador principal, o Vice-Chefe da Divisão de Políticas Monetárias e Macroprudenciais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Luís Brandão-Marques.

Na sua abordagem, Brandão-Marques afirmou que a política macroprudencial permite que a política monetária se concentre na sua missão primária de promover a estabilidade de preços, de modo a evitar o conflito com a política de estabilidade financeira. Segundo
afirmou, “As políticas monetária e de estabilidade financeira devem estar separadas, com mandatos e estruturas de tomada de decisão independentes, assim como mecanismos de responsabilização e comunicação igualmente separados e ajustados a cada uma das áreas.”


Nesta edição, foram apresentados dois trabalhos seleccionados de um universo de dezasseis propostas inicialmente submetidas. O primeiro, da autoria de Roque Magaia e António Chichava, quadros do BM, teve como tema “Análise do Impacto da Política Macroprudencial na Estabilidade Financeira e sua Interacção com a Política Monetária: Evidência Empírica para o Caso de Moçambique (2004-2020)”.


Na apresentação deste trabalho, os autores afirmaram haver uma interacção positiva e significativa entre as duas políticas apenas no longo prazo. A título de recomendações, propuseram a definição de um quadro formal de condução da política macroprudencial, bem como a adopção de um modelo de interacção entre as duas políticas que assegure que as decisões de política tenham em consideração riscos sistémicos.


O segundo trabalho, da autoria de Ezequiel Moiane, versou sobre a “Análise do Efeito da Interacção entre as Políticas Monetária e Macroprudencial sobre o Nível de Exposição a Riscos pelo Sector Bancário em Moçambique”.


Para o autor, a interacção entre as políticas monetária e macroprudencial impacta em todos os rácios macroprudenciais, no médio e longo prazo. Na sua apresentação, o pesquisador recomendou o uso de ferramentas macroprudenciais alternativas às reservas obrigatórias no curto prazo, para garantir uma coordenação eficiente entre as duas políticas e minimizar a possibilidade de dominância macroprudencial, cambial ou fiscal.

Após os debates que se seguiram às apresentações, a Administradora do pelouro de Estabilidade Monetária do BM, Silvina de Abreu, a quem coube dirigir as apresentações e moderar o debate, endereçou uma palavra de apreço a todos os intervenientes que tornaram possível a realização destas jornadas, com destaque para os autores do estudo, membros do júri e orador principal.


Silvina de Abreu informou que as próximas jornadas científicas terão lugar no dia 16 de Junho de 2023, sob o tema “Riscos e Oportunidades da Digitalização da Economia para Moçambique".